sábado, 17 de dezembro de 2011

Equivalência entre massa e energia

Como já o referi anteriormente, é frequente encontrar na web diversos textos onde é posto em causa a possibilidade de Einstein ter formulado a Teoria da Relatividade numa única manifestação de génio mas tendo-se inspirado numa série de autores que trabalharam no assunto antes dele sem fazer as devidas citações. É, contudo, esta a particularidade mais marcante do seu artigo Sobre a electrodinâmcia dos corpos em movimento, no qual não encontramos, para além da referência à teoria de Maxwell e da experiência de Michelson-Moreley. De facto, construiu a teoria sobre o princípio da relatividade muito antes defendido por Poincaré no decurso das suas críticas à Teoria de Lorentz e sobre o princípio da constância da velocidade da luz também considerado por Poincaré mas não como um princípio fundamental. Aqui também descreve o conceito de sumultaneidade e sincronização de relógios atribuídos a vários observadores por intermédio de sinais de luzes cuja reflexão levou alguns anos a maturar com Poincaré (ver A medição do tempo e A teoria de Lorentz e o Princípio da Reacção - faltando a tradução do artigo La Science et l'Hyptothèse - para fazer uma ideia dos pensamentos deste autor).
Depois desta discussão passamos à lei de equivalência entre massa e energia dada pela famigerada expressão E=mc2. Poincaré, no artigo A teoria de Lorentz e o Princípio da Reacção, discutiu a violação do princípio da reacção, calculando a energia contida num impulso electromagnético do ponto de vista de um observador em movimento recorrendo-se da Teoria de Lorentz e verifica que o campo electromagnético se comporta como um fluido com densidade de massa igual a E/c2. O autor verificou que uma massa que emite um impulso electromagnético deveria sofrer um recuo o qual estaria em contradição com o princípio da reacção, uma vez que o impulso deveria ser desprovido de massa e procurou uma explicação no éter. Foi Enstein quem começou a desanuviar o paradoxo (apesar de, tendo em conta as citações que faz - nenhumas - não estar ciente dele) no seu artigo: Dependerá a inércia de um corpo do seu conteúdo energético?
De acordo com este trabalho, um corpo que emite radiação perde massa de acordo com a conhecida fórmula. Resta fazer a pergunta: terá sido Einstein o verdadeiro autor desta ideia que resolveu o paradoxo de Poincaré?
Ora, em 1903, Olinto de Pretto, um industrialista e físico amador elaborou o artigo Hipótese do éter na vida do Universo no qual apresenta a sua teoria cosmogónica do espaço celeste. Neste artigo, o autor explica a origem da gravitação de uma forma muito semelhante à de Le Sage, como sendo o resultado das vibrações de um fluido de partículas designado por éter. Na página 14, o autor assume que a matéria, devido à sua interacção com o éter, consegue armazenar uma quantidade de energia dada por E=mc2 antes do referido artigo de Einstein. De Pretto vai ainda mais longe, na tentativa de explicar a luminosidade das nebulosas (página 34) que matéria e éter, isto é, matéria e energia são diferentes manifestações de uma mesma coisa.
Por incrível que possa parecer, Umberto Bartocci descobriu uma estranha relação entre Olinto de Pretto e Einstein. Vejamos:
  • Olinto de Pretto era irmão de Augusto de Pretto;
  • Augusto de Pretto era colega de trabalho e amigo de Beniamino Besso;
  • Beniamino Besso era tio de Michele Angelo Besso;
  • Michel Angelo Besso era colega de trabalho e amigo de Einstein no escritório de patentes onde ambos trabalhavam.
O facto de Einstein conhecer o trabalho de Olinto de Pretto é deveras provável e poder-se-á ter recorrido deste para assumir, numa base física mais coerente com o pensamento científico corrente, a equivalência entre a massa e a energia, explicando desta forma o paradoxo de Poincaré.
É, porventura, frequente considerar Einstein como um raro génio que revolucionou o pensamento físico. Contudo, pouco do que apresentou nesses dois artigos é verdadeiramente da sua autoria (não descurando a relativa mas não absoluta importância do seu trabalho), nos quais se recusou a mencionar as suas fontes de inspiração.

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