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segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

A função característica para o oscliador harmónico simples

 A função característica é dada por

V(x0,x1,t1t0)=t1t0Ldt

Trata-se de uma função das variáveis x0 e x1 que correspondem aos pontos inicial e final da situação do sistema. Com efeito, no caso do oscilador harmónico simples,

L=12mx212kx2

Considera-se aqui x como constituindo a derivada da função x em ordem ao tempo. As equações do movimento do sistema descrito por esta função são dadas por

ddt(Lx)Lx=0

isto é,

ddt(mx)+kx=0

Se se fizer

ω=km

a solução da equação diferencial é dada por (trata-se de uma equação diferencial linear com coeficientes constantes)

x=x0cosω(tt0)+x0ωsinω(tt0)

Se se denotar por x1 a posição que a partícula ocupará no instante t1, tem-se

x1=x0cosω(t1t0)+x0ωsinω(t1t0)

de onde se segue

x0=ωx1x0cosω(t1t0)sinω(t1t0)

A substituição permite escrever a solução na forma

x=sinω(tt1)sinω(t1t0)x0+sinω(tt0)sinω(t1t0)x1

A sua derivada permite obter

x=ωcosω(tt1)sinω(t1t0)x0+ωcosω(tt0)sinω(t1t0)x1

A substituição na expressão para L conduz a

L=k(x20cos2ω(tt1)2x0x1cosω(2tt0t1)+x21cos2ω(tt0))2sin2ω(t1t0)

Se se integrar em ordem ao tempo entre os instantes t0 e t1 obtém-se finalmente

V(x0,x1,t1t0)=mω(x20cosω(t1t0)2x0x1+x21cosω(t1t0))2sinω(t1t0)

Pode-se efectivamente verificar que

{Vx0=mωx0cosω(t1t0)x1sinω(t1t0)=mx0Vx1=mωx1cosω(t1t0)x0sinω(t1t0)=mx1

Tratam-se das equações do movimento quando é conhecida a função característica V. Por seu turno, não é tarefa árdua verificar que a função V assim determinada satisfaz as equações diferenciais às derivadas parciais da forma

{12m(Vx1)2+12mω2x21=Vt112m(Vx0)2+12mω2x20=Vt0

Uma forma de determinar a função V a partir da equação diferencial parcial

12m(Vx1)2+12mω2x21=Vt1

pode ser realizada do seguinte modo. Começa-se por considerar

V(x0,x1,t1t0)=W(x0,x1,E)E(t1t0)

onde E é uma constante. A substituição na equação às derivadas parciais permite obter a equação diferencial ordinária em W na forma

12m(dWdx1)2+12mω2x21=E

Observa-se que E deverá ser função de x0, x1 e t1t0. Uma vez que V não depende explicitamente de E, tem-se

WE=t1t0

A solução da equação diferencial para W é dada pela integral

W=x1x02mEm2ω2x2dx

A derivada parcial de W em ordem a E é, portanto, dada por

WE=x1x0m2mEm2ω2x2dx

que proporciona a quadratura

arcsinχ1arcsinχ0=ω(t1t0)

da qual resulta

{X0X1+χ0χ1=cosω(t1t0)χ1X0χ0X1=sinω(t0t1)

onde se fez

{χ0=mω22Ex0χ1=mω22Ex1X0=1χ20X1=1χ21

As expressões assim obtidas permitem escrever E como função de t1t0. Por seu turno, se se calcular a integral que permite determinar W, obtém-se

W=Eω(arcsinχ1arcsinχ0+X1χ1X0χ0)

Uma das expressões anteriores permite ainda escrever

W=E(t1t0)+Eω(X1χ1X0χ0)

e, portanto,

V=Eω(X1χ1X0χ0)

Então

Vsinω(t1t0)=Eω((χ20+χ21)X1X0χ0χ1(X21+X20))

ou, simplificando X20 e X21,

Vsinω(t1t0)=Eω((χ20+χ21)(X0X1+χ0χ1)2x0x1)

isto é,

V=mω2sinω(t1t0)((x20+x21)cosω(t1t0)2x0x1)

que corresponde à função característica determinada a partir da integral de L e que se mostrou ser solução da equação diferencial parcial. Do ponto de vista das soluções do problema mecânico, não é muito importante determinar a função V, na medida em que as equações do movimento se seguem directamente da função W, considerando a equação adicional que permite relacionar E com t1t0.