Seja BDMA uma curva qualquer. Seja a linha BC horizontal e a linha CA vertical. Suponhamos que um ponto colocado em movimento pela acção da gravidade se move sob esta curva sendo D o seu ponto de partida. Seja τ o tempo que demorou o móvel a atingir o ponto A e seja a a altura EA. O tempo τ é então uma função da altura a que dependerá da forma da curva. Reciprocamente, a forma da curva irá depender desta função. Vamos analisar como, com o auxílio de um integral definido, podemos encontrar a equação da curva para a qual τ é uma função contínua da altura a.
Seja AM=s, AP=x e t o tempo que o móvel leva a percorrer o arco DM. Com base nas regras da mecânica temos −dsdt=√a−x, donde vem dt=−ds√a−x. Segue-se daqui que, integrando de x=a até x=0,
τ=−∫0ads√a−s=+∫a0ds√a−s
O sinal ∫βα indica que os limites de integração são para ser tomados entre x=α e x=β. Seja entretanto
τ=φ(α)
a função procurada para termos
φ(a)=∫a0ds√a−x
Nesta equação, s deve ser encontrado em x. Em vez de considerarmos esta equação, consideraremos uma mais geral,
φ(a)=∫a0ds(a−x)n
da qual procuraremos s em x. Designemos por Γ(α) a função
Γ(α)=∫10dx(log1x)α−1
e temos, como é já conhecido,
∫10yα−2(1−y)β−1dy=Γ(α)Γ(β)Γ(α+β)
onde α e β são superiores a zero.
Seja β=1−n, encontramos
∫10yα−1(1−y)ndy=Γ(α)Γ(1−n)Γ(α+1−n)
donde tiramos, fazendo z=ay
∫10zα−1(a−z)ndz=Γ(α)Γ(1−n)Γ(α+1−n)aα−n
Multiplicando por da(x−a)1−n e integrando desde a=0 até a=x, encontramos:
∫x0da(x−a)1−n×∫a0zα−1dz(a−z)n=Γ(α)Γ(1−n)Γ(α+1−n)∫x0aα−nda(x−a)1−n
Fazendo a=xy, temos
∫x0aα−nda(x−a)1−n=xα∫10yα−ndy(1−y)1−n=xαΓ(α−n+1)Γ(n)Γ(α+1)
então
∫x0da(1−a)1−n×∫a0zα−1dz(a−z)n=Γ(n)Γ(1−n)Γ(α)Γ(α+1)xα
Ora, da famigerada fórmula da função gama, temos
Γ(α+1)=αΓ(α)
Temos, então, por substituição
∫x0da(1−a)1−n×∫a0zα−1dz(a−z)n=xααΓ(n)Γ(1−n)
Multiplicando por αφ(α)dα e integrando em ordem a α obtemos
∫x0da(1−a)1−n×∫a0(∫φ(α)αxα−1dα)dx(a−z)n=Γ(n)Γ(1−n)∫φαxαdα
Seja ∫φ(α)xαdα=f(x), tiramos, por derivação,
∫φ(α)αxα−1dα=f′(x)
então
∫φ(α)αzα−1dα=f′(z)
Por consequência:
∫x0da(1−a)1−n×∫a0f′(z)dz(a−z)n=Γ(n)Γ(1−n)f(x)
ou porque
Γ(n)Γ(1−n)=πsinnπ
se tem
f(x)=sinnππ∫x0da(x−a)1−n×∫a0f′(z)dz(a−z)n
Com o auxílio desta equação será fácil extrair o valor de s da equação
φ(α)=∫a0ds(a−s)n
Pois que, se multiplicarmos esta equação por sinnππda(x−a)1−n e tomarmos os limites de integração desde a=0 até a=x, teremos
sinnππ∫x0φαdα(x−a)1−n=sinnππ∫x0da(x−a)1−n×∫a0dx(a−x)n
Com base na equação desenvolvida anteriormente, vemos que
s=sinnππ∫x0φ(α)dα(x−a)1−n
Seja entretanto n=1/2, obteremos
φ(a)=∫x0ds√a−x
e
s=1π∫x0φ(α)dα√x−α
Esta equação dá-nos o arco s para a abcissa x e, por conseguinte, a curva fica inteiramente determinada.
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